Seminário Estadual de Educação Especial e Inclusiva, promove palestra “E quando eles crescem?” Aborda a preparação de jovens autistas para o mercado de trabalho
No Seminário Estadual de Educação Especial e Inclusiva da Undime Bahia, realizado em novembro de 2025, uma das palestras mais aguardadas foi a “E Quando Eles Crescem? Preparando Adolescentes e Jovens Autistas para o Mundo do Trabalho”, que trouxe à tona desafios, estratégias e reflexões sobre a inclusão profissional de adolescentes e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A palestra foi conduzida por Patrícia Teodolina, especialista em inclusão, que trouxe uma abordagem prática e humanizada para o tema, com o objetivo de preparar esses jovens para as demandas do mercado de trabalho e promover sua autonomia e qualidade de vida.

Os desafios da inclusão profissional de jovens com autismo
Patrícia Teodolina iniciou a palestra destacando que a inclusão no mercado de trabalho ainda é um grande desafio para muitos jovens com autismo. Segundo ela, a sociedade ainda lida com preconceitos e dificuldades de adaptação, o que torna o processo de transição da adolescência para a vida adulta, especialmente no contexto profissional, mais complexo.
“O autismo não é uma barreira intransponível para o trabalho, mas, infelizmente, as dificuldades de comunicação e interação social muitas vezes são mal interpretadas. A questão é que a sociedade ainda não está totalmente preparada para lidar com as diferenças de maneira inclusiva e positiva. Precisamos mudar esse olhar, valorizando as potencialidades dos jovens autistas e não apenas suas dificuldades”, afirmou Patrícia.
Ela destacou que, apesar das dificuldades, há uma grande potencialidade entre os jovens com autismo, incluindo a atenção aos detalhes, o compromisso com a tarefa e a habilidade em atividades que exigem precisão. Com a orientação adequada, esses jovens podem ser valiosos profissionais em diversas áreas.
Estratégias de preparação para o mundo do trabalho
A palestra trouxe também diversas estratégias para garantir uma transição bem-sucedida dos jovens autistas para o mercado de trabalho. Para Patrícia, a formação técnica e profissional, aliada a um trabalho de preparação emocional e social, é essencial para garantir que esses jovens se sintam preparados e seguro para os desafios do mercado de trabalho.
“A capacitação técnica é apenas uma parte do processo. É fundamental trabalhar as habilidades sociais e emocionais desses jovens, pois muitos enfrentam desafios de interação social e expressão emocional. Programas de orientação vocacional, treinamentos em habilidades sociais e estágios supervisionados são fundamentais para essa preparação”, destacou Patrícia.
Ela sugeriu que as escolas e centros de formação profissional tenham parceiras com empresas inclusivas, capazes de adaptar os ambientes de trabalho e oferecer suporte necessário para que os jovens autistas possam se desenvolver plenamente em suas funções.
O papel das empresas na inclusão profissional
Outro ponto crucial discutido por Patrícia Teodolina foi o papel das empresas na promoção da inclusão. Ela enfatizou que as empresas devem estar preparadas não apenas para contratar, mas para criar um ambiente de trabalho acolhedor e adaptado para os jovens com TEA. Para ela, as políticas de inclusão não devem se limitar à contratação, mas devem englobar uma cultura organizacional que permita o desenvolvimento pleno de todos os colaboradores, independentemente de suas condições.
“As empresas devem ir além da contratação e realmente se envolver em capacitação dos seus colaboradores e gestores para que possam lidar com as diferenças de maneira inclusiva. Isso envolve, por exemplo, ajustes no local de trabalho, mas também estratégias para sensibilizar e engajar toda a equipe no processo de inclusão. A ideia é criar um ambiente inclusivo, onde as diferenças sejam respeitadas e celebradas”, comentou Patrícia.
Ela também sugeriu que as empresas busquem parcerias com escolas e centros de formação profissional para promover programas de estágio e treinamento específicos para jovens com autismo, permitindo que eles se integrem de forma gradual ao ambiente de trabalho.
